cb tá indo pra sampa no fim de semana. fica uns sete dias por lá. e eu fico por aqui tocando o barco, mas claro que com uma vontade imensa de ir junto matar tanta saudade da pauliceia. nos últimos dias antes da mudança, pensei muito sobre saudade. e cheguei à conclusão de que depois de sair de casa e adotar uma nova cidade as pessoas têm a alma carimbada com uma tatuagem que laser nenhum consegue apagar. estamos, portanto, condenados a sentir saudade. é possível perceber um leve pendor do ombro esquerdo das pessoas de alma tatuada...
e ter saudade de são paulo é mais que desejar passear no ibirapuera ou no villa-lobos, abrir o guia da folha e fazer uma agenda de dezenas de programas impossíveis de cumprir - mas que nos fazia tão bem saber que estavam ali, à mão... a fartura de shows, filmes, programinhas infantis, exposições...
é mais do que querer caminhar pela paulista (a pé é melhor do que de carro!), de comprar flores do campo baratinhas e lindas na feira - e, claro!, comer pastel!
é mais do que fechar os olhos e ver a nossa casinha da vila, de bonecas, de amigos e de festa, de aconchego e tantos dias azuis...
agorinha mesmo, após ver umas fotos que estavam guardadas, quase esquecidas, vemos que ter saudade de são paulo é sobretudo querer muito abraçar os amigos amados que ganhamos lá. e que não são poucos. hoje foi o dia de lembrar um deles e também da mágica de sua casa, cheia de cores e de instrumentos musicais, dezenas de pequenas lembranças de lugares e de pessoas, paredes forradas de ícones e o velho marley a nos olhar sob a fumaça... uma casa com cheiro de incenso e uma paz imensa estampada na cara de anjo de Roni, o cachorro que nos olha nos olhos e fala à alma...
vendo as fotos lembramos de um dia qualquer na casa de doc, o nosso querido otávio, em que ele fez fotos de família, nós 4 no sofá fazendo poses pra sua câmera. lembro que foi um dia qualquer de janeiro de 2009 em que provavelmente passamos - antes ou depois - na doceria brigadeiro, um sobrado cheio de delícias ali quase ao lado da casa dele.
e este foi só um dos tantos 'um dia qualquer na cada de otávio'. vivemos juntos muitos outros, em cafés da manhã de sábado no jardim, sessões de reggaes e outros sons que só ele tem, manhãs de trabalho regadas a chá, celebrações, ensaios e encontros de quinta... e é isso que nos dá saudade agora.
é isso aí, doc,
fá lemos...
abrax,
senhor cumpadi,
dona cumadi
e seus pequeninos